Pensar Positivo

Poderoso e Silencioso

Fugir da Solidão

 

 

Que me importa

Que os anos passem por mim,

Se me alegro de os ver passar!

 

Não me preocupa

Estar perto dos setenta

Se já passei dos sessenta!

 

Não me importa

Ter passado dificuldades na vida,

Se hoje estou bem!

 

De que vale arrepender-me

Do que não fiz,

Se não sei se seria bom ou mau!

 

Para quê passar a vida a lamentar-me,

Se posso mudar o meu rumo?

 

Por que razão

Havemos de sofrer,

Se a vida nos dá sempre

Algo para fazer?

 

Por que razão

Havemos de andar tristes,

Se nascer foi alegria?

 

 

 

 

Laranjeiro, 2 de maio de 2019

d’ Almeida Gonçalves

 

Poucos sabiam, mas tinha iniciado

A guerra entre a humanidade

E um inimigo poderoso e invisível!

O inimigo escolheu o Planeta Terra

Com a intenção de dizimar

Toda a humanidade!

Como sempre, o motivo foi

Descuido do ser humano!

A guerra tinha começado e nós não sabíamos

Como nos defender!

Não existiam quaisquer tipos de armas

Para combater este inimigo invisível!

Do inimigo só lhe conhecíamos o nome.

Coronavírus, mais tarde, covid19.

Aos poucos, a população mundial

Ia ficando ferida e aos poucos,

As baixas iam crescendo.

No início da primavera já se contavam

Aos MILHARES, e as contaminações,

Já ultrapassavam O MILHÃO!

Pela primeira vez na história,

Cientistas e técnicos de todo o mundo

Unem esforços e trabalham em conjunto

Vinte e quatro sobre vinte e quatro horas,

Para descobrir a arma final.

As equipas médicas, enfermeiros,

Auxiliares e voluntários, dão tudo por tudo,

Ajudando no que podem. O trabalho é intenso.

Os corpos vão soçobrando a tanto esforço,

E as defesas ainda são fracas!

São pedidas ajudas aos técnicos aposentados,

Os quais aparecem sem hesitar.

Os nossos governantes e entendidos na matéria,

Escolhem bem as palavras

Para não alarmarem muito as populações.

Todos os dias nos comunicam

Novas normativas de defesa.

Só de defesa!

Mas essa continua ainda fraca.

O povo é otimista e diz:

Vamos vencer, temos de vencer!

Pela primeira vez patrões e operários entendem-se!

A batalha continua e as baixas aumentam.

As famílias estão em casa, mas separadas.

Cada um no seu canto, não vá o inimigo atacar.

As defesas continuam a ser fracas!

O inimigo começou por atacar os mais velhos,

Por serem os mais fracos.

Os lares estão contaminados.

Os centros de dia fecharam e os utentes foram para casa.

Para que não lhes falte nada,

Funcionários, direções e voluntários,

Todos os dias lhes levam a alimentação a casa.

Fazem-lhes as compras,

Vão aos supermercados e às farmácias.

Conversam com eles e dão-lhes atividades

Para melhor passarem o tempo.

Também este grupo da população

Se sente útil ajudando os mais necessitados.

É triste, mas a geração antiga está acabada!

A arma final está difícil!

O inimigo cobarde ataca invisível e silencioso!

As crianças já estão no seu caminho.

Temos de contra atacar urgentemente!

As autoridades impõem a ordem e conseguem-no.

As pessoas vão acatando e começam a compreender

Que estamos em guerra!

As ruas encontram-se desertas,

Sinal do início das defesas.

O inimigo é invisível e poderosíssimo,

Mas nós vamos vence-lo.

Desta vez a humanidade está unida

Contra este invasor!

Desta vez é em casa que vamos vencer a guerra!

Uma das grandes armas é a ALEGRIA!

Barriquem-se e divirtam-se,

Porque a vitória é nossa. A custo, mas È!

 

 

 

 

Laranjeiro, 3 de Abril de 2020

d’ Almeida Gonçalves

 

A via é assim!

Nascemos, vivemos e morremos.

Uns vão mais tarde,

Outros vão mais cedo.

Havemos de ir todos!

 

Saber quando se nasce

É possível.

Dizer quando se morre

É impossível!

Quem acredita no destino diz,

Vivemos até ao dia

A que estamos destinados.

 

Se a vida for curta paciência,

Se for longa melhor.

Num caso ou no outro

Há que retirar tudo de bom

Do que a vida nos dá.

 

Quando a idade for avançada

E andarmos com três pernas,

Ou para lá caminharmos,

Devemos arranjar forças

E fugir da solidão da casa!

 

Larguem a cama e o sofá

Que só vos trazem

Tristeza e sofrimento.

Só vos trazem dor

E podem-na evitar.

 

Saiam para a rua,

Vejam caras,

Sintam o ar no rosto,

Mostrem alegria

Ao ver um dia de sol,

Ou sintam a chuva

A cair-vos em cima

Porque se esqueceram

Do chapéu-de – chuva em casa.

 

 

Deem os bons dias

A quem passar,

Façam uma festa a um cão,

Cumprimentem o vosso vizinho,

Mesmo que ele

Não vos retribua.

 

Sintam-se bem convosco,

Lembrem-se que não estão sós!

Acreditem que quando caírem,

Existe sempre alguém

Para vos ajudar a levantar.

 

Tu apesar da tua idade maior,

Também podes

E deves ajudar os outros,

Porque a isso chama-se

Humanismo.

 

Amigos,

Não se isolem,

Saiam para a rua.

Fujam desse flagelo

Que é a solidão caseira.

Sobretudo, vivam a vida

O mais que puderem,

Porque foi para isso

Que nascemos!

 

 

 

 

Laranjeiro, 29 de abril de 2019

 

d’ Almeida Gonçalves

 Jejum lisboeta    
 

Este ano santo António

Não pôde sair à rua.

O povo deu-lhe descanso,

Porque o tempo cru e manso,

Até jejuou à lua!

 

Ó santinho lisboeta,

Tantos choros que ouvi,

Tantas conversas estranhas,

Tantas dores e façanhas, por causa do covid (i)!

 

Ó santo da nossa crença,

Sabemos que és milagreiro.

Com a tua ladainha

Enviaste uma chuvinha,

Para pouparmos dinheiro!

 

Em Lisboa foi tristeza

Sem o fumo das sardinhas.

O povo sentiu na alma,

Mas com a tradicional calma,

Confinou-se nas casinhas!

 

Até as marchas se confinaram

Sendo proibidas as partidas!

O alegre povo prometeu a chorar,

Que para o ano é a dobrar

O desfile as avenidas!

 

Muitas lágrimas rolaram,

Nas pedrinhas da calçada.

O povo foi posto à prova,

Por um vírus, coisa nova,

Que o combate de cara tapada!

 

 

 

 

 

Tabua, 13 de junho de 2020

d’ Almeida Gonçalves